terça-feira, 19 de junho de 2012

John Wesley e a teologia prática


Ong Mt. 25:35/Petrópolis resgatando moradores de rua(líderes Jonas e Claudia)
Ao analisarmos o contexto sócio-cultural em que vivemos marcado pelo individualismo, consumismo, e por uma ética hedonista,  típicos  da pós-moderndidade,  também caracterizada pelo desejo inútil de reestruturação do homem contemporâneo, descrente com o tão esperado progresso prometido que acabou trazendo mais desgraças que alegria, podemos, seguramente traçar um parâmetro desta atualidade, com os tempos de John Wesley, marcado pela  Revolução Industrial, que a princípio foi prenunciado com expectativas de grande desenvolvimento. Um tempo de máquinas, de novas energias, de mais velocidade, e etc., mas que não demoraram a gerar alienação e sofrimento ao ser humano. 

Aquele período fez aparecer um numero imenso de desempregados de mendigos itinerantes, e em conseqüência disto: vícios, violência generalizada e corrupção, nunca vistos até então, e isto não somente na Inglaterra de Wesley, mas em boa parte do mundo naquela época.

No entanto, a luta incansável de John Wesley em meio ao caos imperante, para não permitir que a Igreja desse as costas para as vítimas deste sistema injusto e alienante implantado no mundo de sua época, seguramente tornou-se um paradigma, para a igreja a partir do século XVIII, principalmente, quando consideramos que ele teve que lutar contra um clericalismo insensível e também contra uma forma de teologar acadêmica que apesar de ter o seu valor, acabava se tornando indiferentemente ineficaz para atender as causas práticas de um contexto sócio-cultural degradante no qual o homem acabou perdendo os parâmetros da dignidade, degenerando-se moralmente.
     
Para um cristianismo, daquela época, que em conseqüência de sua apatia religiosa ao invés de ser reposta para as necessidades do povo, definhava-se e que ao invés de influenciar, estava sendo influenciado, Wesley foi um homem admiravelmente persistente, se tornado merecedor não somente de ser considerado um referencial pela sua geração, mas também tornando sua reflexão sobre a teologia prática, fundamental em todos os tempos. O seu extenso conhecimento teológico acadêmico foi colocado a serviço da prática. A sua teologia como “teologia de transformação” se tornou reconhecidamente o agente principal da reforma sócio-cultural da Inglaterra, e de modo particular, da Igreja. Sua visão teológica que privilegiava a reflexão sobre a prática comunitária da fé, tendo como exemplo as classes metodistas, foi a causa de uma grande mudança naqueles que foram alcançados em sua época e isto em todos os aspectos, não somente no religioso. 

Hoje ainda, neste mundo de desigualdades e degradação moral em que vivemos, assim como este grande teólogo, os pensadores cristãos devem persistir em associar a teologia com a prática. Principalmente considerando-se que hoje não cabe mais uma visão teológica estreita e indiferente aos necessitados, mas pelo contrário, uma teologia que persuada os homens a viverem a verdade em amor, a terem compromisso com a retidão, a terem o direito à liberdade plena sob uma perspectiva bíblica e não liberdade como propõe a pós-modernidade que certamente levará o homem atual a mais um de seus “becos sem saída”.

Cuidadar dos idosos:Ato de nobreza-Foto Asilo Nicolino Gulhot-Resende-RJ
  
 Enfim, devemos nos conscientizar que vivemos em um mundo de homens de corações endurecidos, mas também é necessário que entendamos como John Wesley que “o mundo deve ser a nossa paróquia” e que se assim como ele, integrarmos a teologia com a prática, a razão com um coração aquecido, poderemos também como naqueles tempos áureos, colhermos os frutos de uma geração realmente transformada pelo amor de Deus.

Texto de trabalho que apresentei em meu curso de Bacharel em Teológia para a Universidade Metodista de São Paulo 

Abraços aos alunos do CEFORTE - extensão Cabo Frio - RJ, para os quais ministrei a matéria: Doutrinas Wesleyanas. 

2 comentários:

  1. John Wesley vivenciou um período conturbado da história em que todos aguardava com grande e boas expectativas os avanços e desenvolvimentos oriundos da revolução industrial, porém o que se constatou foi uma enorme frustração decorrente do desemprego, da violência, da degradação moral e da corrupção generalizada. Na atualidade, resguardadas as devidas proporções, a história se repete com os avanços tecnológicos que nos surpreendem com novidades ou/e descobertas a cada dia ou porque não dizer a cada instante, no entanto é um tempo marcado pelo colapso da ética, da moral, da falta de respeito, onde a retórica é falsa, enganosa e escrupulosa aprofundando ainda mais o homem sem Deus na sarjeta.É momento da igreja assumir suas "responsa-bilidades" com a sociedade vítima deste sistema injusto, e praticar o verdadeiro sinergismo tal como John Wesley.

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